domingo, 31 de janeiro de 2010

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Apresento um modelo para uma administração pública no município de Conceição do Almeida, caso venhamos administrar no futuro próximo, contendo os principais compromissos e diretrizes políticas para todos os setores da administração municipal, tendo como objetivo maior o desenvolvimento sustentável, a geração de emprego e renda e a justiça social. Da mesma forma que pretendemos a participação social em todos os setores da vida pública municipal, agradecemos aos colaboradores de todos aqueles que possam contribuir para apromorar esse programa de governo, enviando-nos as suas sugestões.

I- PRINCÍPIOS NORTEADORES

1-Todo ser humano tem direito a viver num mundo de igualdade, fraternidade, solidariedade e prosperidade para todos.


2-Toda pessoa tem direito de exercer sua liberdade de pensamento, credo, posição política, opção sexual, devendo ser respeitada como um cidadão de direito e deveres.


3-A administração municipal deve ser eficiente, competente, e transparente em relação á aplicação dos recursos públicos. Deve ainda possibilitar a participação e o controle popular na formulação das políticas, na definição das prioridades e no acompanhamento da gestão em todos os setores.


4-Todo servidor público municipal, a começar pelo Prefeito, vice-. Prefeita, secretariado e demais funcionários, deve estar a serviço de toda a população, exercendo seu cargo com responsabilidade, competência, honestidade, humildade e consciência do seu Dever de Servir a Todos com Respeito à Dignidade de todo Cidadão Almeidense.


5-Amamos nosso Município e acreditamos no seu desenvolvimento econômico, social e cultural com respeito e proteção à Natureza.


6-O Governo Popular deve permitir a participação popular em todos os setores, pois todo almeidense e morador de Conceição do Almeida é um Cidadão de Direitos, garantidos por meio de uma Administração Municipal que possibilite o acesso a educação e saúde de qualidade, abastecimento de água e esgotamento sanitário, moradia, transporte público, segurança, cultura e lazer, e principalmente trabalho e um futuro digno para nossos jovens.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Diamantes Brutos



Os sociólogos costumam descrever os rebeldes como diamantes brutos, porque detentores da iniciativa, do questionamento e da busca de novos horizontes a serem conquistados.


Quando ainda garoto, por volta dos 10 anos de idade, fiz amizade com pessoas de minha idade, 3 de uma mesma família cujo pai era dono de um colégio, e famoso pela severidade com que educava; só repreendia e censurava, acredito que pouco transmitia e orientava ou ensinava no que diz respeito às coisas da vida: como conhecer as pessoas procurando desvendar o caráter e a personalidade de cada um que nos cerca, como usar a liberdade de maneira responsável, isto é, sabendo que cada um de nós é responsabilizado por nossos atos, bem como saber que só se é livre na medida em que se estiver disposto a não se deixar coagir e pensar pela própria cabeça procurando tomar decisões acertadas e racionais.
O progresso material e a democracia conquistada pelas sociedades contemporâneas está vinculado à liberdade e seu uso pelos agentes econômicos. Esta liberdade é traduzida em iniciativa e criatividade, o oposto do conformismo e da falta de iniciativa.
Os sociólogos costumam descrever os rebeldes como diamantes brutos, porque detentores da iniciativa, do questionamento e da busca de novos horizontes a serem conquistados. Estes diamantes precisam de uma educação que lhes possibilite desenvolver esta capacidade de inovar, formular velhos problemas de maneira diferente, enfrentar desafios, romper paradigmas, enfim precisam ser lapidados. Mas podem ser vitimados por outro tipo de educação que lhes considere um perigo para a sociedade, ou seja, pessoas a serem perseguidas, detratadas, estigmatizadas, intimidadas e talvez exterminadas.
Uma educação baseada somente na coação, na repreensão e intimidação, sem levar em consideração que melhor se educa quando se ensina, orienta, e mostra as consequências do mal uso da liberdade indubitavelmente gera pessoas covardes e sem iniciativas, sem personalidade e facilmente coarctáveis, enfim pessoas potencialmente fracassadas, e muitas delas sem sequer terem tentado alcançar nada, sem nunca terem tomado qualquer iniciativa.
Sobre os meus amigos de infância que tiveram um pai que os protegia de tudo que considerasse perigoso com censura e repreensão severa - por exemplo, vetando o interesse por doutrinas políticas, pois para aquele zeloso pai isto era comunismo -, interpreto que ele por tentar proteger demais retirou de seus filhos a curiosidade intelectual, o gosto por ler para melhor entender o mundo que nos cerca, a base de toda a educação.
O filme A SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS retrata um professor que tenta ensinar a seus alunos a serem pessoas livres - baseado na tese de que educar é também propiciar ao estudante a oportunidade de desenvolver e a firmar uma personalidade -, e o conflito com a diretoria da escola, bem como o desfecho trágico que envolve um desses alunos (que se suicida) cujos pais tentam lhe impor uma profissão diferente da desejada.
O filme mostra também a sabedoria do professar transmitida aos alunos em alertar de maneira realista para a necessidade de se saber lidar com o conflito que às vezes ocorre entre o indivíduo e a sociedade principalmente, digo eu, se esta sociedade é composta de semi-analfabetos de formação autoritária, medíocres, e muitas vezes incapazes de compreender os dilemas de pessoas ainda em formação, descobrindo a vida, suas coisas boas e seus perigos, sujeitas a cometer erros mais facilmente do que um adulto, portanto, precisando mais de orientação, conhecimento das coisas, que de ameaças que os poderá tornar sem iniciativa e covardes para enfrentar os desafios postos pela vida, que por certo virão.
Assisti uma matéria veiculada na tv bahia sobre cavalos e sua domesticação na Cidade de Mundo Novo, BA. O amansador mostrava seu método, que implicava em estabelecer um contato de confiança entre ele e o animal, sem recorrer a pancadas e esporeamentos, para não tornar o cavalo um animal assustado e covarde, decaído do porte altivo da espécie. Não tive como não comparar o amansamento de cavalos com a educação veiculada por certos pais e professores.
Nunca me interessei pela vida ou obra de Cazuza, mas é impossível não conhecer seu drama existencial e as causas de sua morte; não percebo do pouco que ouvi de suas músicas a marca de um gênio, mas também não vejo motivos para considerá-lo um marginal, um perigo para a sociedade, alguém sequer digno da nossa compaixão pelo seu drama e por sua morte precoce. O que sabemos de sua dor e de seu desespero? Que mal ele causou a terceiros? Que eu saiba, se mal ele causou foi a si próprio.
Pelo que sei, o que Cazuza cometeu e que é objeto de tanta reprovação - com quem ou com quantos teve relações sexuais, não usar preservativo e assim atentar contra a própria vida ao se contaminar com o vírus da AIDS, o que igualmente fez ao usar drogas ilícitas, maconha e cocaína, e uma droga lícita altamente perigosa, a bebida alcoólica -, são atos de sua vida privada. O fato de comprar drogas na Inglaterra só será tráfico se foi para revender, e tráfico não era sua profissão. É só o que sei.
Sobre o julgamento da vida particular de Cazuza e como entendo a liberdade no que pertine aos atos da vida privada de qualquer pessoa, valho-me e recomendo o livro de JOHN STUART MILL, Sobre a liberdade, do qual extraio a seguinte passagem: "Cada qual é guardião conveniente da própria saúde, quer corporal, quer mental e espiritual. Os homens têm mais a ganhar suportando que os outros vivam como bem lhes parece do que os obrigando a viver como parece ao resto."
Os fatos da vida privada de Cazuza, exceto o suposto tráfico, nos dá o direito de execrá-lo, sem sequer olhar seu drama?
Qualquer um sabe que a trajetória de Cazuza não é produto exclusivo de sua educação, a trajetória de nenhum de nós é produto exclusivo de nossa educação, seja a dada pelos pais seja a recebida dos professores. Existe um tanto de imponderável na vida; às vezes fazemos um plano e a vida nos impõe outro, bem como às vezes fazemos triunfar nossas escolhas, não raro com um preço muito elevado. Culpar os pais de Cazuza por sua dolorosa trajetória não merece comentário. Interessar-se pela vida sexual dos outros é no mínimo falta de boa educação.
Em síntese, vejo a trajetória de Cazuza como um drama familiar, sem pieguice, e sem execrar alguém que só fez viver sem rebuços o que tantos tentam esconder, a vida nos reduzindo a muito pouco com suas alegrias, tristezas e ciladas. Só o tomará como exemplo a ser seguido quem quiser, conforme a liberdade de cada um.